Após assentar praça no R.I.5 nas Caldas da Rainha, fui para o C.I.S.M.I. (Centro de Instrução Sargentos Milicianos) em Tavira. Na manhã do dia seguinte, a apresentação aos nossos superiores. Calhou-me logo o famigerado
tenente Rosário, mais conhecido pelo Trótil.
De tarde fomos para o campo de treinos conhecido por Atalaia, mostrar no terreno aquilo de que éramos capazes. Eu
era o segundo na fila indiana que se formou.
Estava habituado a fazer as provas físicas no escalão
máximo (1ª categoria). Após a ordem, e em passo de corrida, depois de saltar ao galho na
plataforma da 1ª e de traspassar a paliçada e o muro também de 1ª, chegou a vez
de saltar a vala.
O camarada que ia á frente escolheu a de 2ª mas para mim a de 1ª era canja. Por ser verão, não tinha água e via-se que estava quase cheia de calhaus.
Sem temor, continuei a correr a com toda a força, ganhei impulso e saltei.
O camarada que ia á frente escolheu a de 2ª mas para mim a de 1ª era canja. Por ser verão, não tinha água e via-se que estava quase cheia de calhaus.
Sem temor, continuei a correr a com toda a força, ganhei impulso e saltei.
Já no ar, é que reparei que ia pousar os pés
num buraco, pois faltava o fardo de palha, usado para amortecer a queda. Não
conseguindo "travar" ou corrigir, acabei por acertar com o calcanhar do pé direito no
murete de tijolo onde encaixava o dito fardo.
A partir deste momento confirmei a veracidade do ditado – Incha Desincha e Passa- porque senti um “estalo” e minutos depois já inchado, o pé não cabia na bota. Primeiro a Enfermaria, logo a seguir uma guia de marcha para me apresentar no Hospital Militar de Elvas. Sózinho, amaldiçoando a sorte lá fui “logo no segundo dia da Especialidade”, de comboio em pleno Alentejo e numa tarde tórrida. Chegado á estação, coxeando, tomei um táxi e com a guia de marcha, apresentei-me no Hospital. Fui para uma enfermaria onde permaneci numa cama, quase totalmente ignorado.
Digo Quase, porque "ao passar o carrinho dos morfos" me foram dando almoço e jantar. Na expectativa, o tempo foi passando e o pé desinchando sem que ninguém me tenha dado ao menos um comprimido. Três dias passaram e Eu, já melhor, com receio de perder a Especialidade fui á secretaria pedir que me dessem alta. Nesse momento ia sendo preso, porque: estive ausente de Tavira e “não tinha entrado” no Hospital. Afinal de que é que o nosso Cabo Miliciano se queixa?
Agora? - de nada!. Quero ir-me embora. Regressei assim a Tavira no quarto e último dia permitido para ausências.
Estive internado pouco tempo, mas o suficiente para ter visto logo no primeiro dia, um Soldado básico de vassoura na mão, que interrompendo a varredura, ia dando palpites de como se deviam dar injecções. O Furriel enfermeiro irritado de tanto o ouvir, perguntou-lhe se as queria dar. De imediato, Aceitou.
De cupróar, o paciente tremia e implorava que não. Reparaste onde o algodão com álcool se cruzou? Sim, foi aqui. Estúpido, não podes pôr a mão. Infectaste isso do novo. Desculpe meu Furriel. Ok vamos lá começar de novo.
Em resumo: quando saí, já todos queriam ser picados pelo básico porque ao contrário do Enfermeiro, era mais humano, mais meiguinho.