segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

CISMI - Curso de Sargentos Milicianos ( 3/3 )



Estávamos avisados por Ele (Tenente Trótil), que hoje, em hipótese alguma se podia falar. Podíamos fazer o barulho que quiséssemos, gritar, fazer até com uma pedra o código morse nos carregadores da G3, dar urros, fazer sinais, mas falar… NUNCAAAA.
Iniciamos assim a operação nocturna. Todo o cuidado é pouco. O inimigo espreita. Entretanto na calada da noite, ouve-se ao longe…baixinho,
ó Sr. Fernando.. mais alto, ó Sr Fernando.. ainda mais alto, ó Sr Fernando.
 
Ao meu lado, o colega Fernando resistindo, hesitava. Xiu, não fales, é o gajo a ver se cais.

Um minuto depois, ouviu-se gritando. Ó SENHOR FERNANDO - PORRAAAA!

não resistiu e respondeu - "DIGA MEU TENENTE". 
Ouça lá!... Imagine que eu sou um “cabecinha de alcatrão”, e sabia que o chefe desta merda se chamava Fernando. O Sr. já estava com um tiro na mona. Não fale porra.
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Muito mais havia para contar de Tavira, nomeadamente a carrada de percevejos que encontramos ao regressar da carreira de tiro onde permanecemos três dias seguidos. Com as casernas fechadas e um calor tórrido, tal praga multiplicou-se. Deviam ser milhares quem sabe milhões, e houve até quem fizesse com uma linha e agulha, um colar de tais bichinhos. Sem me conseguir deitar, fiquei nessa noite na parada sem dormir e tive como companheiro de infortúnio, o meu Amigo Fernando Temudo.

Atrás de mim, podes ver alguns colchões prontos a serem queimados
 
Na manhã seguinte, com as camas desmontadas, fizemos uma desinfestação em profundidade, através de uma enorme fogueira queimando a totalidade dos colchões de palha com os ferros das camas no meio para esterilizar.
Por aqui termino, pois sou agora um Atirador Especialista.

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