Só cá p’ra nós:
Porque subscrevo 200% a opinião do Miguel Esteves Cardoso, não resisto
a postar esta sua crónica, editada no Jornal PÚBLICO de ontem.
Opinião: O
segundo acto
de Miguel
Esteves Cardoso 20/05/2015
ACORDO
ORTOGRÁFICO
As vítimas e os alvos dos
conspiradores do AO90 não somos nós: são as criancinhas que não sabem
defender-se.
Daqui a 50 anos, em 2065, quase todos
os opositores do analfabeto Acordo Ortográfico estarão mortos. Em
contrapartida, as crianças que este ano, em 2015, começaram a ser ensinadas a
escrever tortograficamente, terão 55 anos ou menos. Ou seja: mandarão no país e
na língua oficial portuguesa.
A jogada repugnante dos acordistas imperialistas —
ignorantes e cada vez mais desacompanhados pelas ex-colónias que tentaram
recolonizar ortograficamente — terá ganho tanto por manha como por estultícia.
As vítimas e os alvos dos conspiradores do AO90 não
somos nós: são as criancinhas que não sabem defender-se. Deseducando-as
sistematicamente, conseguirão enganá-las facilmente. A ignorância é a
inocência. Pensarão, a partir deste ano, que só existe aquela maneira de
escrever a língua portuguesa.
Os adversários morrerão e predominará a inestética e
estúpida ortografia de quem quis unir o "mundo lusófono" através de
um Esperanto lusográfico que não tem uma única vontade colectiva ou raiz comum.
Como bilingue anglo-português, incito os jovens
portugueses que falam bem inglês (quase todos) a falar português com a
exactidão fonética, vinda do bom latim, da língua portuguesa. Eu digo
"exacto" e "correcto" como digo "pacto" e
"concreto". Digo "facto" como fact, tal como
"pacto" como pact.
Falar como se escreve (ou escrevia) é um acto de
rebeldia. Ler todas as letras é libertador.
Compreender a raiz das palavras é
conhecê-las e poder tratá-las por tu.
Às armas!
Calma Miguel, não sejas tão radical.
Como se vê: Mais "cê" menos "c" a diferença não é nenhuma
Lembra-te que não estás só, e até vejo nisto alguma utilidade.
Esperando que o governo obrigue a que tudo o que tenha a ver com o novo acordo ortográfico seja impresso em muitos e muitos volumes, e porque estamos em crise, para poupar, em vez de A4 podem ser no formato A6.
Lembra-te que não estás só, e até vejo nisto alguma utilidade.
Esperando que o governo obrigue a que tudo o que tenha a ver com o novo acordo ortográfico seja impresso em muitos e muitos volumes, e porque estamos em crise, para poupar, em vez de A4 podem ser no formato A6.
Com as folhas bem enroladas poder-se-ão fazer cartuchos para meter castanhas, tremoços e afins. E se for em papel macio e absorvente, penduradas ao lado da sanita servirão para limpar o cú.
Sabendo-se que a origem do papel está nas árvores, como defensor da floresta sugiro aos autores que utilizem os dois lados da folha.