Retirado do Diário de Notícias
23/02/2016
(= Literatura
portuguesa deixa de ser obrigatória no Brasil =)
Proposta exclui
Camões, Eça, Pessoa e outros clássicos. Sob críticas, governo de Dilma Rousseff
admite rever a base curricular
O Ministério da Educação
do Brasil (MEC) eliminou a obrigatoriedade do estudo da literatura portuguesa
na nova Base Nacional Curricular Comum (BNCC) que está até Março em discussão e
deve ser posta em prática em Junho. A decisão é considerada por grupos de
educadores brasileiros como "política" e "populista", faz
parte de uma série de propostas, que inclui mudanças nos currículos de Língua
Portuguesa e de História e está a ser alvo de intenso debate no país.
Autores como Luís Vaz de
Camões, Gil Vicente, Fernando Pessoa, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco,
Almeida Garrett ou José Saramago deixam de ser obrigatórios. Numa prova do ano
passado de acesso à Universidade de São Paulo, a mais bem colocada do país nos
rankings internacionais, era exigida a leitura de clássicos como Viagens na
Minha Terra, de Almeida Garrett, e A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós.
"A proposta beira o
absurdo (...) como se pode apagar Portugal e a Europa de nossas origens?
Tirando do mapa? Será que mais uma vez a seleção de conteúdos foi contaminada
por um viés político e ideológico anacrónico? (...) Já que Portugal teria sido
uma metrópole colonialista europeia que explorou as riquezas de suas colónias e
escravizou populações negras e indígenas na América e em África, agora seria a
vez de dar voz à cultura dos oprimidos, em detrimento da Europa elitista e
opressora?", perguntaram-se em artigo publicado no jornal Folha de S.
Paulo dois professores universitários brasileiros, Flora Bender Garcia e José
Ruy Lozano, indignados com a decisão.
O Ministério da Educação
do Brasil, solicitado pelo DN a dar uma explicação, esperou uma semana para
responder através do gabinete de comunicação que não teve tempo para elaborar
uma resposta. Sublinhou, no entanto, que a BNCC não é definitiva e que está em
processo de discussão.
José Ruy Lozano critica
esse processo de discussão por ser possível apenas através de comentários no
site do MEC e não via um fórum mais formal e abrangente (ver entrevista ao
lado) e sublinha a "importância da literatura portuguesa na memória e na
vivência dos brasileiros". Refere o professor universitário que não se
pode estudar traços essenciais da cultura e da literatura do país sul-americano
sem entender primeiro as raízes europeia, ibérica e portuguesa dessa mesma
literatura.
História e
gramática
A BNCC foi criada no ano
passado, na gestão do ministro da Educação Renato Janine Ribeiro, entretanto
substituído por Aloizio Mercadante, para estabelecer um grupo de conhecimentos
e habilidades de que todos os estudantes brasileiros devem dispor na educação
básica. Logo que foi conhecida do público gerou controvérsias: inicialmente,
não tanto por causa da literatura portuguesa mas sim por questões ligadas à
história e à gramática.
As críticas surgiram em
virtude da pouca relevância dada à história mundial, ignorando pontos
considerados por educadores como de conhecimento básico, para dar ênfase às
histórias indígena e africana. Outra área que mereceu reparos foi a da ausência
da gramática no ensino geral de linguística.
O Ministério da
Educação, porém, decidiu incluir nos últimos dias algumas das sugestões nestas
áreas - história e linguística - e rever os pontos mais controversos da Base
Nacional Curricular Comum, após receber mais de dez milhões de contribuições no
site construído para o efeito.
"Para os
componentes de história e geografia, o processo de revisão tem sido no sentido
de mostrar as formas de integração entre o Brasil e os processos históricos
globais", recuou o Ministério da Educação.
No mesmo documento lê-se
ainda que serão introduzidos tópicos de análise linguística em todas as etapas
de escolarização - mas não há referência à reintrodução, ou não, da
obrigatoriedade da literatura portuguesa.
Populismo e
ideologia
O governo do Partido dos
Trabalhadores, de centro-esquerda, é acusado de populismo e de agir de forma
ideológica, ao querer privilegiar a cultura indígena e ao ser mais permissivo
em relação a questões gramaticais já desde 2011, quando causou choque na classe
educadora que num manual escolar distribuído pelo MEC fosse considerada
"inadequada e passível de preconceito" mas não errada" a
expressão, sem concordância, "nós pega o peixe".
O colunista de O Globo
Ricardo Noblat defendeu na ocasião que era o mesmo que dizer que "dois
mais dois são cinco", enquanto o jornalista da Folha de S. Paulo Clóvis
Rossi sublinhava que "a questão é exclusivamente linguística, alguns
esquerdistas de botequim tentam politizá-la com o argumento de que a língua é
um instrumento de dominação. Se fosse, deveríamos voltar a falar
tupi-guarani".
Os caras, estão se cagando p'ra nós.
ResponderEliminarSó falam nos portugueses, quando contam anedotas.
E querem estes parvos do Acordo, te-los como exemplo. Pelo que vejo, não são exemplo para ninguém.