terça-feira, 16 de junho de 2020

2020 - Mais 2 histórias do ISIDRO

Tal como nos mostra a figura
 Há vezes em que é necessário um "pequeno" incentivo, para subirmos na vida.

Ao Camarada Isidro Catarino Nunes, bastou sentir-se provocado,
para colaborar no Blogue.

Destacando-se dos demais, este Camarada do meu pelotão,
enviou mais estas 2 curiosas histórias para juntar às primeiras 3 da postagem anterior.

(Tomem-Lhe o exemplo)


O objector de "INconsciência"

Esta é uma história muito ligada à tomada de posição de um nosso Camarada.
Uma posição bastante polémica, com risco até para os próprios companheiros.
Tudo, porque um dia aderiu a uma determinada religião.

Embora alguns reconhecessem a razão nobre do “Não matarás” como dizem certos escritos bíblicos,  este Camarada por isso mesmo,
quando saía para o mato retirava a culatra à G3 para não ter hipótese de disparar sobre alguém.

Certo dia, foi posto à prova.

Todos sabem, que na nossa chegada ao Dange sofremos uma emboscada.
A reacção imediata foi toda a gente saltar das viaturas como era lógico.

Eu (Isidro Nunes) o Jorge “Condutor” e o dito Camarada,
ficamos na parte de baixo da picada onde a barreira de terra era muito mais baixa,
logo com menos proteção que a de cima.

Como o Jorge ficou na direção de um pequeno aqueduto ali existente, logo se abrigou lá dentro.
O Camarada que não tinha a arma completa depois de alguns momentos de tiroteio,
resolveu solicitar a arma ao Jorge:

É pá, já que estás protegido, dá-me aí a tua G3
Obviamente o Jorge como se imagina, fez-lhe um manguito.

Mais tarde, quando confrontado pelos Camaradas com tal episódio,
o nosso amigo Tavares respondeu:
“Fui tentado por Satanás”
(n.d.r.)
Segundo esta história que Eu (o 2º da direita) desconhecia,
descubro agora que aqui o Tavares (o 1º da esquerda) segurava afinal,
uma arma de arremesso.
50 e tal anos depois, começo a entender o porquê de encontrar este "especialista na dança do fandango" diversas vezes com a G3 ao ombro, na posição Cajado-arma.

Esta nova história aconteceu numa das muitas operações que fizemos no Leste.

Então foi assim: Saímos dois grupos de combate para uma zona onde havia pouca água. Atravessámos uma área desértica que os guias diziam haver água todo o ano,
numa lagoa a meio do percurso.
Chegamos ao local e… “água nada”.

Foi uma grande desilusão para toda a gente,
já que a água dos cantis tinha acabado no dia anterior. Na esperança de um milagre,
ainda escavámos um buraco com cerca de um metro de profundidade mas de novo
 da Água, nem sinal.

Retomamos a marcha e é aqui que eu vejo a malta completamente desorganizada.
Ninguém esperava por ninguém. Havia pessoal desidratado que já não correspondia àquela cadência de marcha e então foram horas muito difíceis.
Entretanto chegamos a terreno mais favorável e chegou o fresco da noite.

Foi nesse anoitecer rápido “já que o crepúsculo em África é muito curto”,
que surgiu uma grande exclamação do nosso Camarada Augusto, dizendo:

Então estou Eu aqui cheio de sede, e está aí um cabrão a entornar água para o chão?
Ficamos perplexos e fomos ver o que se passava.

Era afinal um dos Guias que estava com uma grande diarreia,
o pobre do Augusto com a tanta sede que tinha, confundiu o som dos líquidos.

Quando na manhã seguinte nos levantamos, foi a única altura que me lembro de andar a colher algumas folhas das poucas árvores existentes naquela área, para as lamber, já que tinham alguma humidade provocada pelo
“orvalho da noite”.
Falta dizer que chegamos a meio da manhã a um pequeno riacho,
onde "para alegria de todos" finalmente matamos a sede.

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