quarta-feira, 3 de junho de 2020

2020 - "Não perdes pela demora"

“Não perdes pela demora”

É o que terá pensado o nosso Camarada 1º Cabo Isidro Catarino Nunes, ao ter lido na penúltima postagem, o meu novo “convite” para a rapaziada colaborar no Blogue.

Conforme me disse há dias num telefonema, sentindo-se provocado, decidiu colaborar através do envio de algumas histórias.

“Esperamos que sejam as primeiras de muitas”
E  exemplo para que Outros o sigam.

Ainda que ligeiramente tarde mas superdentro do prazo, fomos surpreendidos com algumas fotos a partir da sua tablete, de histórias escritas em folhas de papel quadriculado. Permitiu que Eu as transcreve-se, já que estas mesmo ampliadas, eram de difícil leitura.

Começa assim:

Depois de alguns desafios directos e indirectos feitos pelo Camarada “Furriel” Pimenta para contar uma história através do Blogue da Companhia decidi finalmente contar umas passadas na nossa guerra.

Sem mais delongas aqui vão algumas.
(Em breve outras seguirão)

********
Estava Eu de serviço no Grafanil com a minha secção,
quando uma das missões era o içar da bandeira.

Juntamente com o Corneteiro e o respectivo oficial de dia "que era precisamente o nosso Alferes Costa", preparámo-nos para o efeito. Todos alinhados para a cerimónia, o oficial dá ordem ao Corneteiro para iniciar o toque respectivo. Depois de três tentativas frustradas, o pobre do Corneteiro não conseguindo fazer sair som da corneta, disse ao Alferes naquela prenúncia de Safára
(mê alféri, esqueci da nota).

O nosso comandante Tenenta Coronel Soares que estava a assistir à cerimónia, logo retorquiu.
Então esse anjinho não consegue tocar? Tirem-no daí e vão buscar outro.
E lá veio outro Corneteiro e a cerimónia consumou-se.

Caeiro, o Armstrong da história,
(o 2°da esquerda)
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

Também se passou no Grafanil a história seguinte, com a minha Secção.

Estávamos de serviço de limpeza ao aquartelamento. Era trabalho até dizer chega.
Era despejar caixotes do lixo, era limpar latrinas, era apanhar papéis, era apanhar folhas, enfim…
Aquilo tinha que ficar num brinquinho.

A meio da manhã,, com o calor já insuportável, o pessoal andava todo em tronco nú.

Como a sede era muita o que é que Eu me havia de lembrar?
Ir ao BAR já que estava aberto, beber uma fresquinha muito rápido,
pois sabia que o nosso comandante não queria ninguém no BAR em tronco nú.

Estava Eu a saborear a dita, quando vi o Cantineiro a tentar fazer-me algum sinal mas era tarde demais.
O comandante Soares já tinha levantado o braço, e deu-me uma grande cachaçada por trás que até feri os lábios na garrafa. Virei-me de repente e ficamos frente a frente sem dizer uma palavra por breves instantes. Por fim pus-me em sentido, pedi-lhe desculpa, e o homem só me disse:
Passa pelo posto médico, que estás ferido.


************

Esta passou-se no Lucusse e vou contá-la já, para que o Comandante Soares esteja lá onde estiver, não se ficar a rir.

Então foi assim: Era uma tarde de folga, e estava Eu com alguns Camaradas a brincar em frente à nossa caserna subterrânea do 3º pelotão, a fazer um exercício tipo saltar à corda.
Só que este em vez da corda, era com um pau agarrado nas duas mãos "de braços abertos" e saltar para a frente e para trás (numa de vai-vem, tipo pêndulo). Eu era especialista na coisa. Fazia aquilo com uma grande facilidade vezes sem conta.

Quem é que havia de aparecer?...
O Comandante Soares.
Curioso cumprimentou-nos e ficou a observar o exercício com vontade de experimentar, para se armar em grande atleta com era seu timbre. Eu estava a ver que ele não se decidia e então disse-lhe: Meu Comandante, Eu também faço isto com a G3 em vez do pau, e fui buscá-la.
De imediato exemplifiquei, e foi aí que o homem se decidiu a mostrar os seus dotes físicos.
Lá começou a preparação e ficamos todos na expectativa.
Pousou o seu bengalim “objeto que nunca deixava no chão” e lá vai o primeiro salto.

O resultado foi o que estávamos todos à espera que acontecesse.
Um bruto entalão nas mãos contra o chão, ao pisar o respectivo pau com os pés.

Levantando-se muito rápido a limpar a mão aos calções, despediu-se com uma desculpa esfarrapada e lá seguiu o seu caminho. Escusado será dizer que assim que ele se afastou, houve uma risada geral que durou alguns minutos. Entretanto Eu perdi a oportunidade de lhe devolver aquela frase que um dia me disse no Grafanil;
“vá ao posto médico, que está ferido”

2 comentários:

  1. Para deixar saudações a todos carradas, tb estive em Angola de 69/71 Leste Luena e Em Massango Malange, saúde para todos e paz que bem precisamos para ex furriel. Miliciano Abílio Henriques

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. carradas=Camaradas.Correcto?
      Abílio Henriques...acho que Não conheço, mas se precisa de Paz, vamos a isso. Por cá: O ex-furrriel Pimenta.

      Eliminar