Satisfazendo a curiosidade do Anónimo do costume, aqui coloco
duas fotos para que possam ficar com uma ideia, da dimensão do Musseque do
Cazenga.
São fotos tiradas por mim, de cima do Reservatório da Água.
Trata-se de uma vista parcial, dado que falta a zona das
Vivendas. Era a Zona dos "ricos", com a estrada que aqui se vê a separar, e com uma área muito menor que a esta primeira.
Para melhor compreensão, lê os comentários
da história
(Que Deus me perdoe, mas
tinha de ser assim)
Recordo um dos
cartazes alusivos ao tema, fixo "à entrada" no muro do jardim de uma vivenda, onde se
podia ler em letras garrafais:
(POR
FAVOR NÃO PÁRE, GENTE SÉRIA)
Como se depreende pelas imagens, era um Musseque enorme
com a maioria das "casas" em madeira, e telhados em chapa de zinco.
com a maioria das "casas" em madeira, e telhados em chapa de zinco.
O reservatório da água situava-se no extremo, e por isso só
tirei fotos de frente e para o lado direito do mesmo.
Como alguém já referiu, era defacto um bairro perigoso. Nós (os operacionais), detestava-mos
os patrulhamentos nocturnos. Os cuidados tinham de ser redobrados para que "sem iluminação" ninguém caísse
nos enormes buracos “autênticas armadilhas” que eram utilizados como lixeiras.
Se quiseres, podes carregar neste link para leres uma ou duas histórias passadas neste Musseque
Era pois um perigo, perseguir a correr um meliante qualquer,
que “conhecedores do terreno” muitas vezes fugiam pelos caminhos onde existiam essas lixeiras esgueiravam na escuridão, quase sempre pelos becos galgando muros e muros, dos quintais.
Esses muros eram quase todos feitos de tábuas, onde predominavam
as aduelas de barril. Pela proximidade, eram de certeza aduelas provenientes do
Grafanil, onde se “gastavam” diariamente dezenas de barris de vinho, que não tinham devolução.
Ainda me lembro da maneira como esses eram abertos na nossa cozinha.
Com o tampo destinado
à torneira virado para cima, uma varridela, uma pequena marreta, toda a
força, e zás…
De imediato as tabuinhas do tampo a boiar.
Depois era só retirá-las e
servir o vinho com um púcaro aos militares que sedentos e com
saudades da metrópole, bebiam com satisfação aquele delicioso néctar produzido
no nosso país. O facto de meter o braço “cada vez mais fundo” para ir pescar o
vinho era descurado. A sorte é que na altura, ainda não existia a ASAE.
As aduelas de barril além de servir para vedar quintais,
também (com alguma imaginação) eram utilizadas para construir entre outras,
mesas e cadeiras.
Podes ver-me aqui sentado numa feita por mim, à frente
do BAR exclusivo do meu pelotão, no Dange.
Ao fundo o Fortim que. e tal como a
ponte, andavam ainda em construção.
(A separar-nos, o Rio DANGE)
(A separar-nos, o Rio DANGE)
Além do mobiliário também serviram para construir todo o
interior do BAR principal. O BAR "Kytonga" que mais parecia o bar da mariquinhas
construído com tabuinhas*.
Com todas as tropas concentradas na margem norte do rio Dange
(uma Companhia de Engenharia e a nossa de Atiradores), calhou em sorte ao meu pelotão (foto abaixo) sermos destacados do resto do pessoal, para a margem sul**.
Resvés à densa mata dos Dembos residia-mos isolados
e pior ainda, à noite iluminados pelos potentes holofotes instalados no morro em frente.
e pior ainda, à noite iluminados pelos potentes holofotes instalados no morro em frente.
Com algum receio, assim vivemos semanas e semanas, temendo a toda a hora sermos metralhados com toda a precisão, uma vez que os turras podiam ver ao longe as nossas posições e todos os nossos movimentos.
Duas histórias no Dange
*-
Aguardo que um dia “conforme já pedi” o Ex-furriel Vítor Santos me envie a letra
completa dessa nossa canção.
E esse dia chegou..podes agora ler e até cantar essa canção
**- Ainda hoje Eu vivo na margem sul
"do rio Tejo" e desta vez, com a certeza que estamos a ser metralhados com precisão, por aqueles que vivem na outra margem, com impostos e outros sacrifícios porque "quase todos" estamos debaixo d'olho dos que se governam do País.
o ex-Furriel Merca lembrou-me que:
ResponderEliminarPor vezes o vinho branco, mais parecia o actual FORZA (o desentupidor de canos).
Infelizmente tenho de concordar com Ele.
Ehehehehe