Ao descobrir que existiu uma “luta acesa” nos comentários da história (Que Deus me
perdoe, mas tinha de ser assim) defendendo aqueles que tiraram a carta no
ultramar, apraz-me dizer algo sobre o assunto.
Como contei na do (Crocodilo-Dange),
fui evacuado para Quibaxe.
Fiquei assim internado na enfermaria do quartel de
transmissões, para me curar de um paludismo “galopante”.
Aqui fiz amigos, e vivi intensamente os poucos dias da
estadia.
Testemunhei entre outras, a história que passo a contar.
Constava-se que na única escola de condução existente na Vila de
Quibaxe, se atribuíam cartas de condução a pessoal que nunca tinha frequentado uma
única aula. Diziam até que as fotos dos africanos era sempre a mesma, a de um preto qualquer. Para as impressões digitais nem era necessário a presença do visado.
Sinceramente nunca acreditei. O problema era outro:
Vim a saber que permanecia no quartel um camarada Furriel
chegado há pouco tempo do mato, cuja permanência era o estritamente necessário
para tirar a carta de condução e depois “bazar”.
Já tinha tentado em Luanda mas a coisa fiava mais fino pois chumbara algumas vezes. Ouviu falar de Quibaxe e não sei como, ali estava
Ele.
A rua principal era a única "alcatroada". Existiam diversas
transversais, todas elas em terra batida
Vista total da "Avenida" da Vila de Quibaxe, a partir da "Camara"
Era quase noite, e para acalmar bebia umas Cucas. Viemos a saber
que embora feliz por ter passado no exame de código feito à tardinha, queria
que o tempo parasse.
Não queria o amanhã, porque estava receoso por ser o dia do exame da condução.
Não queria o amanhã, porque estava receoso por ser o dia do exame da condução.
Mas eis que o dia seguinte chegou, e todos ficamos a saber as suas
limitações. Confessou “e o Furriel mecânico já tinha confirmado” que sabia
conduzir com algum à-vontade mas… Aquele maldito “passeio” não o deixava dormir.
Era o único bocado de passeio existente, digno do seu nome. Foi
construído de propósito pela Escola de condução (acho que se chamava EVA) para
servir de prova e era odiado por todos os instruendos. Quase todos os chumbos
tinham como origem as tangentes ou secantes feitas a este.
Em ângulo recto, os condutores ao curvarem para entrar ou sair do apertado trilho que ligava um dos Musseques à rua principal, não podiam “galgar” os cerca de três
metros para cada lado, do lancil. Com um raio de curvatura de pouco mais de um metro,
denotava grandes mazelas, pois era reconstruido com frequência por ser diariamente tão
maltratado .
Como sempre, no dia do exame a tolerância era "zero”. Depois
de umas marchas atrás e marchas à frente, um ou dois estacionamentos
ocasionais, chegava a vez de contornar o lancil.
Um pouco antes, na minha presença ouvi este diálogo:
MAS AFINAL É ESSE O TEU PROBLEMA? Perguntou o furriel
mecânico.
Não te preocupes que tudo se resolve.
É pá! Não me digas que
conheces o examinador.
Perguntou o candidato a condutor.
Qual quê! Boa sorte. Replicou o mecânico.
Como Eu estava “de convalescença” não pude sair do quartel
mas fiquei em pulgas para saber o desfecho final.
Só sei dizer que mais tarde, fui convidado para comemorar o
êxito.
no topo da "Avenida" a Administração do Concelho dos Dembos
Nota: embora pareça, Eu não sou o Administrador.
Por azar, um Unimogue estava parado na curva entupindo o trânsito, com o capô aberto, e um soldado deitado debaixo dele tentando resolver a avaria. Dizia que: ouviu um estouro, devia ter o motor partido.
Saiu debaixo da viatura, e o nosso amigo reparou num piscar
de olho com um sorriso dissimulado. Descobriu então, que o soldado de boné
enfiado na cabeça e todo sujo era afinal o Furriel mecânico.
De imediato ouviu o examinador dizer… Siga.
Depois de adiada a manobra, foram feitas mais tentativas no
decurso do exame mas em vão. Infelizmente o problema era grave. Tinham de
chamar o reboque.
E foi assim que as estradas
ganharam mais um Encartado.
Lá diz o ditado… Quem é bom, Já nasce feito.
Esta história tem sido por
mim lembrada algumas vezes. Quando se fala em cartas de condução, Eu recordo o dia que tirei
a minha, mas em Setúbal.
Com quase 67 anos de
idade, recordo que foi a única vez que chumbei num exame. Tudo corria bem
quando o imbecil do examinador travou o carro de repente, insinuando que eu ia
fazer uma manobra que nunca me passou pela ideia.
Escusado será dizer
que: Se “o altíssimo” ouviu as minhas preces, ainda hoje (mais de 30 anos
passados) o parvalhão andará de calças na mão a correr para a retrete com uma
diarreia descomunal.
Achas que era "imbecil", ou insinuava-se para receber uma corrupçãozinha? Totó, nem percebeste!!!
ResponderEliminarNaquele tempo os Semáforos quase que não tinham sido inventados.
ResponderEliminarEm Luanda existiam alguns polícias sinaleiros, mas em Quibaxe, zero.
Que ano teve lugar esta historia?
ResponderEliminarnasci em Quibaxe e me interssa toda historia da minha terra , por isso ao escrever, por favor não esqueça as datas dos acontecimentos. na Altura em lá chegou, quem era o rei dos Dembos Quibaxe e em que ano? pode me ajudar em saber?
ResponderEliminarPara ler a Minha resposta, carregue na Página Inicial. s.f.f.
EliminarObrigado pelos comentários e conte connosco.
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