quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Mestre Giga e o virar de página.

FURRIEL GIGA

Tenho contado neste Blogue, várias histórias deste "artista", e todas dos tempos da guerra.





Passemos agora, aos tempos da paz:

Intitulava-se Mestre “pintor” e Eu "que até já fui Desenhador" concordava plenamente, pois bastava visitar o seu atelier para verificarmos tal facto.

Sei que existiam dias em que o atelier por vezes mais parecia um Conservatório de música, quando ao abrigo de uma parceria com a Câmara, dava aulas de música à rapaziada.

Outras vezes, mesmo antes de abrir a porta, já o nosso nariz adivinhava que nesse dia a música era outra.
É que em vez de pairar no ar o cheiro a tintas acrílicas ou a óleo.
“Olfatavas” um belo cheirinho a derivados do porco preto.

Se acaso fosse o de orégãos, coentros, poejo até, então as opções eram mais que muitas…
Sopas de cação? Açorda alentejana? Irrequietos caracóis?

Aí… Só entrando.

Repara nesta “frame” que saquei do vídeo, do seu atelier de pintura.






















(Que linda paleta de cores)

Com respeito à mesa, quando lá levei o Furriel Temudo pela 1ª vez,
o cenário era semelhante. 


Infelizmente na vida civil "pró meu gosto", foram poucas as vezes que nos encontramos

“Esta, a Primeira”

Resistia Eu, anos e anos a fio sem comer caracóis, eis senão quando “logo após o 25 de abril” encontrei em Cacilhas este alentejano de Borba. Recordo que era verão e sequiosos fomos comemorar o feliz reencontro num conhecido restaurante.
Aí convenceu-me a comer esses irrequietos animais, descobrindo “mesmo agoniado” que gostei mais das caracoletas grelhadas.
A partir desse dia, de longe a muito longe, tenho comido este que “para muitos” é um grande pitéu, mas que até hoje, ainda não me convence.
(Para beber cerveja, prefiro o marisco do eusébio)

A menos de 200 metros de distância da casa onde moro (Barreiro),
existe esta, dedicada a tal bicho.

Quando "na época alta" passo ao lado deste estabelecimento, costumo ver o pessoal sentado na esplanada comendo-os com satisfação, quase sempre trocando “bocas” com aqueles que "sem primazia" desesperam na fila do take-away.




Voltando ao João Manuel Giga Coelho

Ainda no tempo da guerra, recordo quando nos dizia “porque sou Coelho" no que respeita a filhos, irei ter ninhadas.

(Sei que partiu deixando pelo menos, cinco.)
Tenho na ideia que quando nos encontramos pela primeira vez em Cacilhas, trabalhava numa empresa chamada “Plessey automatic” que entre outras coisas, fazia telefones.

Acho que a partir daqui, trabalhou sempre por conta própria.


Esteve sediado no Alentejo alguns anos, e depois descobri-o morando no Fogueteiro- Amora.
Com a permissão da Junta da Freguesia, tinha já nessa altura um atelier, num pequeno contentor, que foi utilizado pelo empreiteiro como ponto de vendas da urbanização onde morava. Constatei aí, que já acumulava a pintura com a música.

Trabalhou para as Televisões, na feitura de cenários.

Lamento não ter neste momento a possibilidade de mostrar a foto
do um pequeno quadro que um dia me ofereceu
(está em Famalicão).

Fica prometido que a mostrarei, e que o Quadro passará a constar
 "em sua honra" no Altar da 2504, existente no
BAIXATOLA's  BAR.




Entretanto uma vez mais lhe perdi o rasto, e raramente atendia o telefone.

No seu dizer, deslocava-se diversas vezes pelo país e estrangeiro, a fim de mostrar os seu trabalhos de pintura e escultura, nas mais diversas exposições.
 (o Giga também era Escultor)

Essas saídas, impediram-no por vezes de comparecer aos nossos convívios, quer dos Furriéis quer da Companhia.

Quando lhe falava para aparecer e levar o seu violão, dava a entender que queria esquecer os tempos da guerra, dizendo até, que não tinha nenhuma foto desse período.

Teve um restaurante lá prós alentejos, e só há pouco tempo é que o descobri de novo, neste tal atelier na Arrentela-Seixal a poucos metros da igreja e cemitério.
No lado esquerdo “fora da imagem” o atelier, na frente a linda vista, à direita a Igreja e Cemitério.


(O seu Auto-retrato)

Sorrindo, me despeço deste Amigo Sapador
com um desejo no pensamento.

Espero que "como Atirador" quando chegar a minha vez, seja:

TIRO E QUEDA

1 comentário:

  1. Dizem que é anedota, mas Eu não sei:
    Estava um Alentejano todo indignado num Cafei, Lá em Borba, porque reparou na crueldade acabada de aconteceri. Alguém sem escrúpulos "esmigalhou em simultâneo um caracol e uma caracoleta (mãe e filho).
    Levantou-se da cadêra e perguntou em voz alta: Que mal lhe fizerem estes pequenos animais?
    O assassino respondeu:fique sabendo o Senhori que estes sacanas, já me vinham perseguindo,há dois dias.

    ResponderEliminar