Ainda na metrópole, com elementos da minha
Companhia formamos um conjunto musical “Conjunto POP”, cujo Baptismo de Guerra
(ouvir a banda sonora do filme Alguns dos meus Slides) foi na presença de quase 2000 homens, (desde Soldados, a
altas patentes do Exército e Marinha), em pleno alto-mar a bordo do Paquete UÍGE, e segundo a
crítica, um êxito.
Tivemos mais algumas actuações em Luanda, mas acabou
por ser extinto devido à separação dos elementos. Todos os instrumentos tinham
dono, menos o amplificador/câmara de eco, que “além de outros” foi oferta do
Movimento Nacional Feminino. Com uma cabeça de gravação e cinco de reprodução,
(gastei nela, várias dezenas de metros de fita do meu gravador de bobinas) era
agora ligado a um gira-discos, e utilizado para diversas brincadeiras.
Apertando o nariz, ao soar o trim trim de um telefone magnético que o Giga
(comprou, quando passou por uma Missão abandonada) simulávamos vozes de menina, num programa de discos pedidos.
Alô, é do programa Quando o telefone toca? Quero pedir um disco, sou a namorada do furriel “x” e quero dedicar-lhe um
disco, etc. etc.
Numa dessas brincadeiras surgiu-nos a ideia de
formar um posto de rádio.
O Vítor das transmissões arranjou um AN/GRC-9.
Eu na técnica fiz as ligações dos equipamentos, (gravador, gira-discos, amplificador, etc.), e o Machado vagomestre, na locução. O Carvalho mecânico trouxe o jipe, e com um pequeno rádio, pela calada da quase noite fomos dar uma volta ao musseque para ver o alcance da emissão.
Estava tudo a 100%, demos conhecimento da boa nova aos moradores, meia-volta e regressamos.
O Vítor das transmissões arranjou um AN/GRC-9.
Eu na técnica fiz as ligações dos equipamentos, (gravador, gira-discos, amplificador, etc.), e o Machado vagomestre, na locução. O Carvalho mecânico trouxe o jipe, e com um pequeno rádio, pela calada da quase noite fomos dar uma volta ao musseque para ver o alcance da emissão.
Estava tudo a 100%, demos conhecimento da boa nova aos moradores, meia-volta e regressamos.
Ao entrarmos no quartel, fomos surpreendidos
pelo Comandante.
Agarrou no nosso pequeno rádio de bolso, que levamos para
controle da emissão, e de imediato escutou: Aqui Rádio POP – POP – POP. Era a voz do Machado e a
câmara de eco do amplificador. Estamos fritos…pensamos nós.
Dia Inauguraçao oficial Estúdio de som
Obrigou-nos a seguir atrás, e para nosso espanto,
ao surpreender o locutor que sentado na minha cama falava em sussurro,
em vez de nos dar a temida “porrada”, aceitou a nossa sugestão.
em vez de nos dar a temida “porrada”, aceitou a nossa sugestão.
A de criar uma Estação Emissora, já que era impossível ouvir a estação de rádio mais próxima,
a Rádio Luso, nos pequenos transístores de bolso. Recordo que para isso, tínhamos
a obrigação de em cada dois discos reproduzidos, ler aos microfones uma frase
de acção psicológica.
Aceitamos, e assim nasceu a Rádio POP.
Aceitamos, e assim nasceu a Rádio POP.
Quartéis, musseques, estabelecimentos etc. à
nossa volta, possuíam as duas folhas A4 dactilografadas onde constava toda a
nossa discografia.
Os Dicanzas do Prenda com o Brinca n’areia, a Erótica, o “Je
t'aime moi non plus” bem como o Tango dos Barbudos (para nós já com barbas, mas novidade
na cidade do Luso) rodavam vezes sem fim.
Para preenchermos a programação
diária “dado a quantidade de discos ser escassa”, usávamos a imaginação.
Recordo os tão famosos (e adorados pela população) concursos.
Oferecíamos Gilettes para a barba, sabonetes, sandálias de plástico, cuecas e sutiãs,
livros e outros, aos que chegavam em 1º lugar depois de dado o sinal de partida, bem
como àqueles ou àquelas que entrassem no aquartelamento segurando na boca uma
colher com um ovo dentro, etc. etc. Levavam o prémio mas ovos, galinhas e
outros, ficavam do lado de cá, ou seja, não eram devolvidos.
Certa vez, estava meditando, quando acordei com
o barulho feito pelo Furriel Giga que de “cupróar” procurava debaixo da minha cama o
meu cágado. Era um cágado lindo, “o meu Wolksvagem” a quem pintei os vidros e
portas e quando olhado por baixo também tinha desenhado o cárter, diferencial e tudo. Com
um arame à volta e uma argola no cimo, dava para o passear quando a nostalgia
atacava.
É pá desiste, assim não vale. O
concurso é só para os civis e tu és militar.
Quando o concurso terminou, eram
tantos os cágados que tivemos de “obrigar” os proprietários a levá-los de volta.
Transcrevo o telefonema de um leitor atento:
ResponderEliminarÉ pá, estás enganado!
Não é Bicanzas do prenda, mas sim: Dicanzas do prenda. Tenho aqui o disco...
Obrigado Vitor Santos e como reparas, está feita a correcção.